Eu poesia...
Maria Antônia Canavezi Scarpa
Nasci... na indolência da minha preguiça
talvez um vértice muito jovem para os versos
fiz no tempo das letras o meu brinquedo
a boneca que nunca ganhei,
pelo ode me apaixonei
As folhas, as canetas eram fáceis
e as idéias vertiginosas surgiam
tumultuavam sem parar meus pensamentos
sendo assim pela poesia me apaixonei
Brincando todos os dias
com frases, palavras truncadas
idéias que vinham e em minha cabeça fervilhavam
pouca, mas muito pouca idade eu tinha
para querer ser mestre nas rimas
mesmo assim nas difíceis palavras naveguei
não sei de onde originavam
mas se firmavam solenes, férteis
nos versos que fui ao longo do tempo compondo
sem mesmo entender
dava uma história um paradoxo, uma razão a vida
Eu poesia, poesia minha
brincando ninei-a com carinho
e da vertente cada dia mais espessa
a água jorrava, branca e cristalina
gostei do seu sabor e a sorvi, protegendo-a
em cadernos, brochuras, folhas esparsas
foram se avolumando, tomando corpo
as idéias se multiplicando cada vez mais
como um colar de pérolas se desfiando
foram caindo ao léu como flores perenes e cheirosas
Minhas todas elas, filhas, crias, todas minhas
transformaram-me numa onça ferina
se uma linha for subtraída
arrancadas da minha autoria
porque cabe somente a mim as histórias
contadas, inventadas, vividas
vieram, germinaram de dentro de mim
em qualquer tempo, hora ou dia
cada sonho, cada virgula emprestada, pontuada
nasceram PARA DAR SENTIDO a minha existência
HOJE sou eu poesia