[Presença sem]
Diferente do poema de Neruda, eu não neguei fogo ao Diabo: desgracei-me, para sempre!
Na madrugada do Desterro, ruas vazias, ermas... É tarde, mas eu ainda dirijo o carro devagar; tento assim, dar mais tempo para que os olhos da minha imaginação realizem o impossível: delinear a tua figura da última vez...
Sabíamos — e como sabíamos! — que aquelas tardes ficariam em nossas lembranças para sempre. Cada despedida naquela rua vazia doerá até a morte.
Um suave solo de trumpet... e o Jazz instaura, não sei se mais no corpo que na mente, a inquietude de uma busca sem fim, sem onde.
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[Desterro, 02 de setembro de 2014]