BRADO

Nenhum verso foi peixe na lagoa,

nem estrela no céu, alguma loa,

rabisquei meu caderno ao deus dará...

Não falei de belezas, vaguei bem à toa,

eu gastei o meu tempo a desenhar,

neste branco essa coisa que destoa,

do meu jeito de ser, peculiar...

Eu-poeta a vagar, com sede e fome,

ao poema não dei sequer um nome,

foi aborto da dor que fui ninar...

Nesta tarde qualquer, cansada, errônea

numa folha qualquer, voz que destoa

do meu canto feliz, bradei te amar!

ANA MARIA GAZZANEO
Enviado por ANA MARIA GAZZANEO em 19/09/2014
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