Pinga palavra no chão da poesia,
A vida é esse pote que não se esvazia
Água quente ou fria, de rio, da chuva,
Poesia torneira na vida que é uma pia
Grande ou pequena, cheia ou vazia,
Estouro de represa, maremoto, tempestade,
Poesia que me escapa pelos dedos, líquida
E eu bebo tanto dessa água
Com essa sede que não se sacia.
 
Imagina o que se imaginaria
Imaginar o que seria se fosse
O que a imaginação nunca imaginaria
Ser ação sem a imaginação imaginar
O que a poesia nunca conseguiria.
 
Porque a poesia talvez não seja
O que parece nem o que seria
Se não parecesse o que viria a ser
Se não fosse o que não era para ser
Ou talvez isso o que ela nunca seria.
 
Porque a poesia é ato, mas não é fato.
Ato abstrato do pensamento inconsciente
Ou ato consciente do pensamento abstrato.
Talvez o substrato de qualquer pensamento
Que pensa inconscientemente o consciente
Que conscientemente pensa o inconsciente.
Mas tudo de maneira assim tão inconsistente,
Que me inspira violentamente...
Só que o que na poesia por vezes me inspira
Não é trazer idéias para o mundo real
Mas sim levar o real para o mundo das idéias,
Que nunca, mas nunca mesmo, se esvazia.
Marcos Lizardo
Enviado por Marcos Lizardo em 19/09/2014
Reeditado em 09/01/2021
Código do texto: T4968060
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