Apo pó ca lipse

Meu rei/

Meu presidente/

Meu ausente/

Refletindo no caos/

Me permito pensar/

No que pode ser pior do que, o miserável/

O homem ou o ser/

Que indiferente/

Ousa assistir o seu próprio povo/

Exaurir forças em sangue/

Em gemidos de dor/

Para ostentar a efemeridade do poder/

De ter em mãos o capital/

De fazer parte do sistema anormal/

Que fabrica tanta injustiça/

Inventa tanta maldade/

Cria tanta omissão/

A fazer desordenar a cabeça/

A ponto de dizer/

Sem saber ao certo o que é pior/

Prender quem rouba/

Ou matar quem tem fome/

Pois essa prática é tanta/

Que já não se sabe o que é certo/

A lei compactua com a insanidade/

Permitindo que dia a dia/

Crianças percam a infância/

Jovens percam o futuro/

E os nossos velhos/

Sejam apenas pessoas sem importância/

Num estado que jurou à Democracia defender a liberdade/

Estamos abandonados/

Estamos bebendo da água da morte/

De tal sorte/

Que esse paradoxo/

Quem assina a Republica/

Não é se não/

A velha monarquia/

Que teima em versar os erros da ditadura/

Haja vista, dos direitos sabemos apenas falar em algozes/

Em vozes de indignações/

Por assistir sem chão/

As desigualdades/

Assentados nos bares/

Nas esquinas das ruas de braços cruzados/

Mas se ainda quisermos rir/

Há tempo para refletir/

Enquanto o apocalipse/

Da miséria à fome/

Não agendarem as nossas portas/

Podemos nos orgulhar de sermos brasileiros/