ELA AMOU DÉMON

 
Ela parte pra venerar
A dúvida
Desfaz as coisas
Que a mudam de cor
Quer o pavor
Da escuridão
Que abraça sua vontade
Traz o covarde
Até perto do altar
Das rosas plantadas
Num jarro
Desenhado
Olho de hórus
te olha por certo
esse deserto
é mais denso
que esta música de face
que faz esconder
o principe encantado
num cavalo alado
parte sem demora
a procura de sol
ela veio provar
o gosto que sentia
do sangue que escorria
quando devora limites
há uma pira
sintoma de culto
precisa de sua ira
p’ra acender
ela deve subir até
lá em cima
onde ninguém mais
quis ir
abrirá a fenda do escravo
que logo outro cravo
solta e dá asas
abertas
que se fecham
sobre ela
já confundida
com a diva leoparda
que Démon
esperava mirando séculos
nos ecos de luto
que jazia sua máscara
funerária
e a idumentária
viscosa que
agora ela tolhida
é invadida por “rasgas”
feito mãos
que agarram sua vassidão
as garras do ladrão
de almas
que ela perseguiu
pr’a matar o que nunca
pode ser amada
por dentro
a beleza de um jardim de
passeio
um corpo de sexo
nada inteiro.