O MONSTRO QUE HABITA EM MIM
Habita em mim um monstro soberano
Que me domina a alma sem piedade,
E me tenta levar sempre ao engano,
Em um abismo exposto em liberdade
Que me causa na vida o horrendo dano,
Dos cansaços que sinto de verdade.
Ele que assim me arranca o coração,
Numa dor incessante que suplica
Por uma paz tardia na prisão,
Onde uma sombra escura já me fica
A impor um medo sem explicação,
Que a sorte tal destino justifica.
Não consigo matar este assassino
Que sempre se alimenta das fraquezas,
Pelas quais levo um duro e forte ensino,
Já que ele me corrói as tais purezas
Que trago desde o tempo de menino,
Do qual vivi repleto de certezas.
Tenho assim que viver em vida triste,
Já que esta besta negra não me larga
E a todos os antídotos resiste...
Pois na inocência da alma tão amarga,
E neste mal tamanho que me insiste,
Já só em sonho o bem é a minha carga!
Ângelo Augusto