DE CALOR INSANO

 
É quando as horas
Bebem mais do prazer
E estas horas passam
E levam você
Que caço enloquecido
Outro abrigo
Ainda que amargo
Possa ser
Peles dissolvidas
De pudor
Querem o valor
Que possa dar-lhes
Seja qual for
Uma flor descobre
O caminho do forte
Deseja uma pétala
Se a sorte deserta
O terror da solidão
O rancor tornado
Fome
Num quarto ambíguo
Ao vício dos inertes
Vazios deixados
Quando amados
permitam ter ao longe
Quem se quer
E apenas por perto
O nome que vaga
Sozinho n’outra mulher
Atriz de donzela
Linda em aquarelas
Do batom a cor
Das fissuras íntimas
Nas brancas tatuadas
Ínfimas tão pequenas
Pousando sobre a pele
Mostram
Que o desenho
E um quadro apreciado
Que o relevo
Pode ser saboreado
A pintura tem um gosto
Velado
Por baixo queima
Se desfaz
Quando aborta melado
Nada dourado
Vindo de sua boca
Aos espasmos
Oferecem ao homem
Vingado
Pela solidão sem rítimo
Que o íntimo conduz
Pra fora
Como fogo que dispara
Corpos suados
Nas delícias ouvidas
Dela mesma
Que vendida
Me fez tê-la possuída
De mim
Viiveu a outra metade
Que a tarde saiu
P’ra outro fim
Que não eu.