ASTEROIDE
Sozinho em um espaço tão imenso
E de um silêncio tão denso
Partiu em busca de companhia
Até que achou um belo planetinha.
Quem diria que tão pequena formação rochosa
Diminuta, solitária e minguante
Pudesse algum dia ser tão importante
Grande, imponente e calamitosa!
Estava anunciada a queda do gigante
A grande massa de pedra viajante
Tão longe estava
Mas só um dia distante.
Crianças continuavam brincando
Adultos se lamentando
E idosos rezando.
O tempo de agora
Não era mais o tempo de antigamente
Quando antes pessoas faziam hora
Hoje os segundos valiam eternamente.
Vovós não contariam mais histórias
Lembranças ficariam só em memórias
O corpo celeste levaria tudo consigo
Amores, amantes e amigos...
Os que há anos se calavam
Finalmente falariam o que pensavam
E os que antes não sabiam o que dizer
Arranjariam palavras para descrever.
Um velho sozinho a se embriagar
Fitando o vazio a clamar:
A esperança é a última que morre
Mas morre um dia.
Te digo, antes da hora chegar
Que jamais deixarei de te amar
Declaravam casais
Em suas poesias finais.
Tantos choravam
Alguns se abraçavam
Outros se beijavam
Todos se despediam.
Lágrimas escorriam em cada face
O frio subia em cada espinha
A dor se espalhava em cada peito
E a atmosfera cada vez mais sombria.
Então, da noite para o dia
Um clarão acordou o humano que dormia
Muitos enganaram-se pensando que era aurora
Mas era só o asteroide de outrora.
Aos que tiveram tempo de sorrir
Aos que festejaram antes de partir
E aos que namoraram na noite a cair
Adeus.