ASTEROIDE

Sozinho em um espaço tão imenso

E de um silêncio tão denso

Partiu em busca de companhia

Até que achou um belo planetinha.

Quem diria que tão pequena formação rochosa

Diminuta, solitária e minguante

Pudesse algum dia ser tão importante

Grande, imponente e calamitosa!

Estava anunciada a queda do gigante

A grande massa de pedra viajante

Tão longe estava

Mas só um dia distante.

Crianças continuavam brincando

Adultos se lamentando

E idosos rezando.

O tempo de agora

Não era mais o tempo de antigamente

Quando antes pessoas faziam hora

Hoje os segundos valiam eternamente.

Vovós não contariam mais histórias

Lembranças ficariam só em memórias

O corpo celeste levaria tudo consigo

Amores, amantes e amigos...

Os que há anos se calavam

Finalmente falariam o que pensavam

E os que antes não sabiam o que dizer

Arranjariam palavras para descrever.

Um velho sozinho a se embriagar

Fitando o vazio a clamar:

A esperança é a última que morre

Mas morre um dia.

Te digo, antes da hora chegar

Que jamais deixarei de te amar

Declaravam casais

Em suas poesias finais.

Tantos choravam

Alguns se abraçavam

Outros se beijavam

Todos se despediam.

Lágrimas escorriam em cada face

O frio subia em cada espinha

A dor se espalhava em cada peito

E a atmosfera cada vez mais sombria.

Então, da noite para o dia

Um clarão acordou o humano que dormia

Muitos enganaram-se pensando que era aurora

Mas era só o asteroide de outrora.

Aos que tiveram tempo de sorrir

Aos que festejaram antes de partir

E aos que namoraram na noite a cair

Adeus.

Adriel Alves
Enviado por Adriel Alves em 17/09/2014
Reeditado em 17/09/2014
Código do texto: T4965526
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2014. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.