As musas quando vem

Chegam e vão de repente, igual chuva.

Vem garoando palavras, ventando imagens,

Fazendo lama no chão duro da mente...

Mas não chegam a plantar semente.

Preparam o terreno, deixando igual ao chumaço de algodão molhado.

Daí pra frente é com nós: abraçar uma idéia e ninar ela.

Zelar, alimentar...

Mas se a gente ignora, a coisa muda:

Elas voltam trovejando e relampeiam, apelando para os impossíveis.

Balançam o juízo do vivente que, se não cuida, fica pra lá...

Pra sempre.

Se, então, mesmo assim,

Nós, que sonhamos somente dormindo,

Não baixamos os guarda-chuvas ou saímos do abrigo

Para dançar nas poças e beber do céu,

Elas partem, abnegadas.

Perigam voltar nunca mais.

Gabriel Aquino
Enviado por Gabriel Aquino em 17/09/2014
Reeditado em 20/05/2015
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