As musas quando vem
Chegam e vão de repente, igual chuva.
Vem garoando palavras, ventando imagens,
Fazendo lama no chão duro da mente...
Mas não chegam a plantar semente.
Preparam o terreno, deixando igual ao chumaço de algodão molhado.
Daí pra frente é com nós: abraçar uma idéia e ninar ela.
Zelar, alimentar...
Mas se a gente ignora, a coisa muda:
Elas voltam trovejando e relampeiam, apelando para os impossíveis.
Balançam o juízo do vivente que, se não cuida, fica pra lá...
Pra sempre.
Se, então, mesmo assim,
Nós, que sonhamos somente dormindo,
Não baixamos os guarda-chuvas ou saímos do abrigo
Para dançar nas poças e beber do céu,
Elas partem, abnegadas.
Perigam voltar nunca mais.