PEDAÇO ARRANCADO
Pedaço arrancado de mim
no humano sem coração
desvairando e desvairado
pela vida e pela morte...
Olho esquerdo, peito direito
dilacerado e cortado
da pele, da carne
do homem perdido no céu...
Pedaço arrancado de mim
que anda a andar sem tino
com um olhar desvairado
no horizonte perdido a muito...
Na estrela que sobe
e na vida que somo
o pedaço se esconde
dentro do peito que adormece...
E no sonho que vem
uma luz sempre surge
a brilhar e a brilhar
no infinito de ser finito...
Na noite que cai,
no raio que vem,
no sol que brilha,
na boca que beija...
Pedaço arrancado de mim
sem porquês, sem motivos...
No ar que voará
e no mar que nadará...
No mundo ou em mim
que esconde de mim
o pedaço arrancado de mim
sem o mim saber do mim...
Pedaços que cortam e que arranham...
Me machucam e me sangram...
Palavras, atitudes, gente...
Pedaços que se soltam de mim...
E que vão embora
os pedaços que de mim se soltaram!
Que se percam no espaço
e que se afoguem no compasso!