GIRASSÓIS

Os girassóis florescem na estrada do sol,

num lugar chamado ninguém,

num lugar chamado nenhum lugar...

O coração do homem germina à margem da vida...

O ciclo nunca para, nunca cessa...

Ciclo contínuo de nascer e renascer;

ciclo constante de frutificar e desenvolver...

O ciclo do homem é de perecer...

Destino que voa, que galopa

a nenhum lugar chamado nada...

O silêncio, a penumbra, o vazio

seca e suja o vendaval da alma...

Os homens são paredes concretas

sem olhos, sem ouvidos, sem coração...

Os homens são feitos de bocas

molhadas e falantes de não emoção...

E, no entanto, os girassóis germinam...

Não estancam, nunca secam...

Sempre na estrada do sol

num lugar onde o nome é sem nome...

A felicidade caminha junta,

anda paralela, grudada...

Como no ciclo divino do amor,

como no ciclo humano do desamor...

E o destino te joga na pedra

tão mais complexa de ser

do que o homem que quer ter

a primordial capacidade do saber...

Na pedra jorra o sangue

da vida humana esquecida

pelas lembranças do passado,

pelas previsões do futuro...

A nenhum lugar chamado nenhum...

Eis o caminho a ser percorrido...

A nenhum lugar do passado,

a nenhum lugar do futuro...

Os girassóis crescem hoje, agora...

É vivo na vida do presente...

Nem ontem nem amanhã,

mas vitalmente, potencialmente já...

Que o vendaval da alma

derrube a parede endurecida

do homem, da carne, do ser...

O rio corre... O homem se afoga...

carline
Enviado por carline em 16/09/2014
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