Bengala

Minhas pernas de vez em quando cambaleiam

Esgotadas pelo frenesi laico e vagaroso do tempo,

Incorporo a velhice como algo onde me assento

Sobre experiências adquiridas e sonhos que incendeiam...

Não estou morto e nem me frustro com a bengala

Que é uma nova perna e não acumula cicatrizes,

Sou idoso de cronologia, mas guardo crianças felizes

Num íntimo que ama a vida e os dias são de gala.

Não se rechaça na corrida das horas o aprendizado,

Mais cedo ou mais tarde ele é vintém assaz valorizado

E vai exigir que se aplique o seu real valor de moeda...

É fundamental encarar-se a bengala com devido respeito,

O branco dos cabelos é sabedoria, imolem- se preconceitos,

Ancião é gente e é tão importante quanto caduco de favela!

Ivan Melo
Enviado por Ivan Melo em 15/09/2014
Código do texto: T4963459
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