O TROPEL DOS FARROUPILHAS
- Mas buena tchê!.. que barbaridade!
Não é que deu nas ventas da Coroa
surrupiar de impostos esta terra boa,
chão dotado de muita prosperidade?
- Porque lhe despertou na ganância
a facilidade de lhe cobrir a gastança.
- Se ouve no pampa à orelhas atentas,
que haverá reboliço e muita peleia,
pois, gaúcho quando se desenfreia,
ninguém lhe apaga o fogo das ventas.
- Ala pucha!... coragem e determinação,
vai ser preciso pra enfrentar a Nação.
Estas conversas nos boliches rolavam
nas tantas querências deste pago,
mas jamais se pensava no estrago
que nas tropelias e refregas esperavam.
Resoluto, partiu o gaúcho, destemido,
peito aberto ao confronto com o perigo.
E foram dez anos de muita valentia,
forte foi o tropel farroupilha a ecoar,
que até como republica se fez respeitar
e estava o rumo definido, assim parecia.
Mas vieram reveses em muitas batalhas
e de tantos heróis, restaram as mortalhas.
Na volta aos boliches esta mesma prosa,
não tinha o igual sabor de muitas glorias.
Se houve, é bem verdade, tantas vitórias,
a derrota, com certeza, jamais se entrosa,
no orgulho deste povo aguerrido, indomável,
mas, pacificado, em sua têmpera admirável.
Quando se encontram guascas milongueiros,
sempre há muita rima entre trago e chimarrão.
Nos versos, ainda, dos causos fazem menção,
contando as façanhas de guapos, altaneiros,
que ainda ecoam pelas encostas e coxilhas,
deste extremo Brasil: O tropel dos farroupilhas.