DOAÇÃO
A dor de me doer
aos poucos, inteira,
de maneira visceral,
ambígua e total,
me quedando nas direções
opostas e infinitas
do delírio descontrolado
de uma vertigem alucinada....
Essa dor da agonia,
do desespero e da vicissitude
na robotizante espera da aceitação...
Essa dor de doer inteira
como um objeto qualquer,
único e exclusivo de usufruto,
no saber que pertence integralmente,
abissalmente nas subidas e descidas
de um corpo maleável e adaptável
ao desejo soberano e imperativo
do provedor da dor...
Corpo a mercê,
mente dominada,
vontade direcionada...
E a dor misturada, triturada!
Vontade, desejo, tesão...
Obediência, servidão, submissão...
Até onde queiras, até onde desejares,
porque as dores também são tuas
assim como os prazeres
que lhe dedico... Todos teus!
Agonia de estar aqui!
Cumprindo o que me determinaste...
Dor, prazer, êxtase, vertigem...
Calvário bento do teu domínio
sobre a dor e o prazer que estou sentindo!
Mas a misericórdia vem vindo...
Neste instante de ordem cumprida...
E o alívio será gozo
porque também proporcionado por ti!