DOAÇÃO

A dor de me doer

aos poucos, inteira,

de maneira visceral,

ambígua e total,

me quedando nas direções

opostas e infinitas

do delírio descontrolado

de uma vertigem alucinada....

Essa dor da agonia,

do desespero e da vicissitude

na robotizante espera da aceitação...

Essa dor de doer inteira

como um objeto qualquer,

único e exclusivo de usufruto,

no saber que pertence integralmente,

abissalmente nas subidas e descidas

de um corpo maleável e adaptável

ao desejo soberano e imperativo

do provedor da dor...

Corpo a mercê,

mente dominada,

vontade direcionada...

E a dor misturada, triturada!

Vontade, desejo, tesão...

Obediência, servidão, submissão...

Até onde queiras, até onde desejares,

porque as dores também são tuas

assim como os prazeres

que lhe dedico... Todos teus!

Agonia de estar aqui!

Cumprindo o que me determinaste...

Dor, prazer, êxtase, vertigem...

Calvário bento do teu domínio

sobre a dor e o prazer que estou sentindo!

Mas a misericórdia vem vindo...

Neste instante de ordem cumprida...

E o alívio será gozo

porque também proporcionado por ti!

carline
Enviado por carline em 14/09/2014
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