É a lei de Benedito
Quem gosta do seco, ou do molhado,
É que nunca provou do quente, ou provou e se queimou
E quem tem medo de um tal de mal olhado, é quem dispôs o pior
dessa gente a quem amou, disparou um batimento
Mandando embora quem errou, sem dar chance de ser melhor
Quem tem medo do escuro, é que no claro não sabe guiar,
É que no mar mais puro, são as conchas que dizem qual beleza se salvar
E num balé lentamente a mergulhar, falam mal das pedras a quem só sabem pesar
De um modo mais gritante são enfeite do mar, a quem apenas tem ondas meras
Mordiscando pedacinhos de ruindade afim de as pedras lapidar
Quem com outros olhos vê, com outras vozes será dito
É a lei de Benedito, que diz que ganharemos apenas o que pudermos doar
E não seremos mais que o que bendizemos, sentimentos e temas
De um mar em fúria e cinzento, um asfalto quente onde não podemos pisar
Mentiras mútuas, desejos benevolentes, grito alto dessa gente, que não sabe ao certo o que é amar.