CHUÁ, CHUÁ



Minha terra virou Ceará.
Mingua a paisagem ressecada.
A chuva faz-se de rogada,
Não dá as caras por cá.

Gosto quando chove.
Liquefaço-me.
Escorrem-se-me
as dores,
as mágoas,
as patetices,
as vaidades,
os despropósitos,
as pretensões absurdas,
as inseguranças,
o desgaste do desamor,
a compulsão de tudo,
a mesmice malfadada.

Quando chove
faço-me água da melhor fonte,
a que sacia e refresca,
a que energiza a alma,
a que limpa o espírito,
a que faz renascer.


Os sentidos se apuram com a chuva:
os chuá ssobre o asfalto,
os aromas que se desprendem dos jardins,
as gotas surfando nas vidraças
- pura poesia! -
o olhar que mergulha em pensamentos.


Chova, chuva!
Não nos permita na seca naufragar.




 

imagem: gifsanimados.com



 
KATHLEEN LESSA
Enviado por KATHLEEN LESSA em 12/09/2014
Reeditado em 13/09/2014
Código do texto: T4959747
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