DOR
Deus que dor!
Não consigo mais pensar
com essa dor que me trucida,
que mata a minha carne,
massacra meus sentidos!
Meus sentidos atentos as suas ordens...
Crueldade atroz!
Crueldade que me excita,
crueldade que me desespera,
crueldade que me aproxima de ti!
Do querer e do não querer,
do desejar e não desejar,
na unicidade e na duplicidade...
Dor e prazer,
delírio e êxtase,
sem noção mais de querer...
Limites, distância...
Dor! só dor que anestesia,
que sangra e devora...
Misericórdia para uma cadela!
Piedade para a Tua cadela!
Eu me quedo a teus pés
e ofereço-te essa dor em sinal de devoção,
para que possas ter a misericórdia de a aceitares;
e ofereço-te meu pranto,
meu sofrimento,
só para obter Tua misericórdia!
Escuta-me!
Ouça o meu latido!
Eu lhe imploro humildemente por Tua piedade,
por tua complacência!
Tome tudo!