Paraíso perdido

Amar nos deixa a espera de um milagre,

Amor é um ídolo que desvia a nossa fé;

Perdemos a noção da dura realidade,

Vivemos o que seria, fugindo do que é...

E o pior; cremos que seria um paraíso,

Quando a luz do amor dissipasse a treva;

A serpente solidão iria levando seu guizo,

Em vez de nomear bichos, o colo de Eva...

A árvore da ciência sonegando seu fruto,

Tudo que ansiamos saber ela nos veda;

Serpente rindo do coração tão resoluto,

Folga; amor impossível é já uma queda...

Árvore da vida está bem distante de mim,

Restaram folhas para a camuflada farda;

Nem careceu a espada de um querubim,

aquela delícia é o meu anjo que guarda...

dizem que a vinda de outro, cura o amor,

silenciam profetas , e de outro, nem pista;

vai que uma estrela aponte pro redentor,

e no deserto ecoe a voz de João Batista...

por agora só servidão de um viver morto,

dizem; o beiço torto é culpa do cachimbo;

uma hora o Batista brado junto ao horto,

Eis a filha de Deus, que tira o poeta do limbo...