Brancura sombria
Pela manhã,
Ao os olhos abrir,
O que vejo primeiro?
É o branco,
Do teto a me oprimir
Sou por acaso prisioneiro?
Ao sair da cama,
Ainda com sono e de pijama
Caminho com pés pesados
Arrastando-os como na lama
De outros dias passados
O banheiro, de alguma cor
Que não sei bem definir
Também ali a me oprimir
Com sua brancura de dor
Olho no espelho
Para dentro de mim
Mas antes de mais nada
Vejo dentro do olho
Daquele branco sem fim
Não há prisão pior
Do que nós mesmos
Do que o branco que temos
Sempre ao nosso redor
Com o branco que há no mundo
Tudo parece menor
Nada sequer é fundo
nada está a salvo
Do alvo
Que nós mesmos somos