DE UM JEITO

Eu vivi de um jeito
que não era o teu.
Não importa. Eu fui feliz!
Toquei teus lábios, recostei teu peito.
De uma certa forma, me fiz
o que sou. O que era meu

vivi. Toda metade é incompleta.
Fui por inteiro amante de nós dois.
O fim da relação foi um abismo,
a mais pura, exata e direta
ausência. Nem terremoto, nem sismo.
Apenas o silêncio que fica no depois.

Assim, desse jeito, nos despedimos!
Do jeito que não era teu, nem meu.
O jeito que fizemos a não haver
saudade. Como deuses, parimos
o imponderável: a ilusão de não ter
acontecido tudo o que nos aconteceu.

Como deuses, fomos de um jeito
especial. Tu, ausência. Eu, desfeito.