Partindo da antessala
PARTINDO DA ANTESSALA
(sobrehumanóides)
Furos roxos na carne, cirandas de epilépticos casuais
balançam da luz e na luz à janela triste sem visão.
De uma boca semi-aberta
que se olha sem quase notar
os tristes olhos fechados
Envoltório de vida que secou há quinze anos
no clarão da luz que castiga ainda brilha
Não que eu soubesse que o faria, mas consegui ficar em pé
E, por isso, andar já não parecia impossível
Sem claro motivo sorri até, e talhei o sorriso nas paredes
Para que pudessem ver os que ali chegassem depois
Notei você, companheiro!
Já não estou sozinho!
Mas tua negligência com as pedras
me fazem detestar tal acontecimento no minuto seguinte
A mão suja tua
não se movimenta como tu queres
portanto aprenda a recolher
somente aquilo que pode
Um, dois, três motivos
para girar o pescoço e escolher um caminho
Não sem antes me certificar se valia ou não a pena ficar
Os lindos desenhos acidentais não configuram desculpa
No seu devido lugar os rasgos da porta trancada
O que imagino estar além tomo como verdade
Além da porta ainda intocada (por mim)
Há vestígios das crianças que não brincam mais aqui
nem do rio se alimentam, sob os tijolos do muro não choram
Longe operam agora o fogo dos braços mecânicos
Observando parafusos, mas também peregrinando
através do pequeno túnel escuro
Eles também, como eu
embevecidos com a distante luz disforme
que não se conhece
mas que traz esperança
( Grocholvos )