SENTIDOS
Minhas tetas estão inchadas,
feridas, vermelhas, roxas...
A cor da dor!
Estou prenha... prenha de dor!
Dor absurda, dor abissal, dor desesperada!
Não consigo mais pensar, raciocinar,prescrutar...
Nada! apenas essa dor lancinante me cortando as tetas!
Tetas de cadela em trabalho de parto,
tetas expostas despudoradamente...
Onde está a piedade? Nem tenho como pedir por ela...
Elas doem! Trucidam! cortam!
Vejo o ódio chegando e se esgueirando sorrateiro pelas paredes...
Ele está vivo e pulsante e latente...
Vai firme ao encontro do amor...
Luta cruel e fatídica!
Luta delicada e insana!
Sou só sensação, sentidos agora...
Vontade de arrancar fora as tetas,
pisar nas tetas, comer as tetas...
Dentes canibais e famintos!
Mutilada para cessar a dor!
Mutilada no corpo, na pele, nas entranhas...
Minhas voz cessa...
Minhas forças se vão...
Preciso implorar misericórdia!
Preciso rogar piedade!
Preciso rastejar perdão!
Preciso, mas receio que dor maior me invada...
Ódio e amor começam a trepar...
Ato odiento e surreal!
Fecho meus olhos, não quero ver,
não posso ver!
Clamo chorando para matar essa dor!
Por favor? Misericórdia!
Preciso respirar, preciso arrancar as tetas!
Ofereço minha dor!
Fique e saboreie esse desespero,
essa angústia odienta que me invade...
Por favor, não posso mais!
Só tu podes me dar o tiro de misericórdia!
E eu imploro por ele!