Ainda dá tempo

Fugi do meu sertão

E fui morar na cidade

Deixei aquele pedaço de chão

Encontrei outra realidade.

Para atravessar uma rua

Teria que olhar para ambos os lados

Ela não seria apenas sua

Se facilitasse poderia ser atropelado.

A calçada era muito estreita

Cheia de bancas e pedestres

Gente estranha que peita

Um indo pro norte outros para o leste.

Para comprar um pão

Pagava-se uma fortuna

Eu não via mais razão

Ficar sem forçar a coluna.

Lá no mato a gente morava

Deixava as portas abertas

Nem camiseta de dia usava

À noite, uma pequena coberta.

Aqui vivo morando atrás de grades

Com medo de ser roubado

Nem tenho um amigo, o compadre

Para prosear falar do passado.

Mas ainda dá tempo

De recuperar meu sono perdido

Decidi que esse será meu momento

Um momento que será esquecido.

Francisco Assis silva é poeta e militar

Email: assislike1@hotmail.com

maninhu
Enviado por maninhu em 11/09/2014
Código do texto: T4957945
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2014. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.