TORMENTAS INTIMAS
 
 
Vinha numa capa vermelha
Vinha delicada
Numa sexta
Palhada
E um lenço branco
Por toalha
Será estendido
Quando o pedido
Atendido for feito
 passava
Escrevendo ao chão
uma centelha
acendia a escuridão
dentro
pelo que por fora
se perde em razão
se torna mágico
uvas entre cachos
cobertos de um mel
das lágrimas labiais
lácrimas carnais
desciam pelo dorso
pulsante
que o medo
era um enredo
p’ra afinar o coração
e as gotas viscosas
como óleo fervido
que dele se avista
por toda sua força
de não me trazer nada
orgulho de me ter
como mira de espada
que mata o vulto
constante que vejo
na solidão do quarto
em meio o farto mudo
das fotos caladas
da voz que transa
com minhas entranhas
nas manhas
entre a noite
e as manhãs
que o sol vacina
pela janela
deixada aberta
para que ele invada
me torne amada
e resolva embrutecer
depois de curada
sendo curvada
currada
enloquecida
ficar perdida
e dormir abraçada
mesmo que ao lado dele
sonhando estava
por tudo que aqui disse.