Sopros da Alma
Vai vento...
Distribui o pensamento
Deste mundo em fantasias...
Dilacere as afasias...
Freme silente as cordas vocais,
Nos ares consoantes e vogais
Abordando os olhares...
Beba meus mares...
E só carregues de mim, à parte,
A pura pena da arte
Sorvida da tinta alma.
Rabisque na nuvem o verso
Sussurrado pelo universo e
Na língua do amor traduzido...
Desterre o ódio induzido...
Suscite calmaria incruenta às terras
Banhadas em sangue pelas guerras
Que a estupidez humana produz.
Leve conforto aos solitários,
Percorra esses calvários
E redima os cativos das armaduras...
Mesmo na crina das cavalgaduras...
Viaje livre das bandas do céu
Aos meandros do vergel,
Ofereça-me as matas e as estrelas...
Assim, nas noites eu fulguro,
Nos dosséis, eu sou maduro.
Sopro com todos os ardores...
Brilham as artes, brotam amores...