Fim de Tarde
À J.B. Xavier
No refúgio do olhar,
Desenha-se o ocaso.
Enleva-te o impulso criador
Na súbita revelação
Da percepção visual e acústica
Que seduz as tuas mãos.
Uma celebração de cores
Projeta-se no murmúrio da retina.
Aconchegas em tuas mãos,
O aceno silencioso da tarde.
Entre nuvens plúmbeas e límpidas,
O desmaiar da luz, a fenda aberta
À melodia da gênese do tempo,
A senha para a voz da noite.
Quem escutará o gesto sutil,
O sussurro da melancolia,
O alçar da imaginação e do sonho
Libertos na curvatura do oceano,
Quando teu olhar debruçado
Entre a solidão e o infinito
Devolve-te uma outra vida
A tua própria, quase esquecida
Fernanda Guimarães
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