Fim de Tarde

À J.B. Xavier

No refúgio do olhar,

Desenha-se o ocaso.

Enleva-te o impulso criador

Na súbita revelação

Da percepção visual e acústica

Que seduz as tuas mãos.

Uma celebração de cores

Projeta-se no murmúrio da retina.

Aconchegas em tuas mãos,

O aceno silencioso da tarde.

Entre nuvens plúmbeas e límpidas,

O desmaiar da luz, a fenda aberta

À melodia da gênese do tempo,

A senha para a voz da noite.

Quem escutará o gesto sutil,

O sussurro da melancolia,

O alçar da imaginação e do sonho

Libertos na curvatura do oceano,

Quando teu olhar debruçado

Entre a solidão e o infinito

Devolve-te uma outra vida

A tua própria, quase esquecida

Fernanda Guimarães

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Fernanda Guimarães
Enviado por Fernanda Guimarães em 23/02/2005
Reeditado em 25/08/2008
Código do texto: T4956