Divagações em Noite de Poesias
Eu divaguei no sol da meia-noite
por entre sonhos siderais e melodias,
por entre frestas matinais à luz do dia,
por entre noites de vislumbres desiguais.
Eu divaguei entremeio às folhas de um outono,
passei invernos e aportei na primavera
por onde flores cintilantes eram de guerra,
guerra de pétalas macias indo por terra.
Eu divaguei no sinistro canto do urutau
se disfarçando em um frondoso ipê amarelo,
é mãe da lua esperando o clarão da aurora,
é a lua cheia onde eu semeio meus devaneios.
Eu divaguei em suas curvas sem igual
se desfazendo em meu sereno amor,
desabrochando velutínea como uma flor
a perfumar a escuridão do matagal.
Eu divaguei e semeei essa poesia
em madrugada açucarada sem maresia,
germinei versos em ritmo e prosódia
e adormeci no leito vasto de um infinito.