A minha estrada
 

 
Quando um ser humano já vivenciou grandes decepções e até horrores, pensando em nunca mais encontrar a paz, a sua tendência natural é fugir, não de si mesmo, mas do que lhe causou danos.

Que gratificante era saber que seria possível sim, ainda poder viver uma vida bem simples em algum lugar longe do mundo capitalista, onde os valores humanos naturais assim como a honestidade, a integridade, a sensibilidade e pureza do olhar, sem a percepção de grandes realizações, ao mesmo tempo, sem atentar se beirava à mediocridade. Mas com convicção, era a vida com toda simplicidade.
Enfim, as qualidades mais bonitas em seu conceito, ainda verdadeiramente em sua essência; Preservadas, naquele meio. Tudo aquilo a encantava.

Talvez a longo prazo a monotonia do lugar lhe entediasse, (próprio do existir).
O passeio, mas pareceu uma pesquisa íntima silenciosa e necessária, para ter a certeza de que valia a pena ter um lugar especial, de seu, para descansar.

Pelas redondezas daquele lugarejo, observou, não havia ninguém mendigando o pão.  Não havia uma pessoa sequer,  lamentando a sua vida. No noticiário local,  um certo conforto. A briga mais acirrada e recente, foi a mais comentada nas calçadas, o galo garnizé e o galo pimpão quase se mataram, e o vencedor foi levado para a glória, certamente seria o mais procurado na feira de domingo. Iriam apostar e ou quererem comprar o seu passe, para a próxima rinha, pela vaidade de se dizerem o dono do galo vencedor. O galo perdedor coitadinho, iria naquela noite mesmo, para  a panela. E enquanto cozinhavam o galo, ela continuava pensando...
Na pesca, na criação de galinhas, carneiros e porcos, na farta plantação de legumes, (uma beleza!)  Às margens do rio, sempre transbordando, que mais parecia a ela, assustar do que confortar,  dava aqueles moradores a sua sustentação.

Rio, que levava dela, naquele instante, os sonhos todos para além do mar.
O seu pensamento estava agora no seu amado.
Rio... Ele refúgio, ela, fuga. Algo a identificava com aquele rio, cheio contrastando e contradizendo as secas... Ele o seu amor, só lembranças lindas!

As lembranças ruins, são lições que vamos recebendo no decorrer do nosso caminho. Ela sentiu um pouco de vontade de transformar-se em rio, talvez para desaguar no mar, seria mais fácil ir. Ir-se até chegar...

Acabou o dia.

Mais um sonho entre tantos outros viria acalentar-lhe naquela noite em que jantaria com pesar, o galo perdedor, talvez ele não lhe decesse goela abaixo...  Pensou: - Amanhã voltarei à minha realidade.

Amanheceu. Continuou pensando...
-Quando o amanhecer vem, percebo; Ele me sorri.  Abre os seus longos braços e convida-me à segui-lo, eu vou. Caminhei tanto, atravessei caminhos tão difíceis, momentos em que muitas vezes eu tinha a certeza de que eu não iria suportar, mas cheguei... Restou-me tantas maravilhas  nessa vida.
Vida...
Em quantos pedaços o meu coração foi partido, em que caminhos foi ficando a minha ilusão de ser feliz, onde foi que o rio que brincou de me transformar em sereia, me fez lenda de pescador, levando mil vezes e trazendo a minha esperança... Continuou sentada, sozinha observando a beleza da serra.

Sempre pensando; E falando consigo mesma;
-Dos leões e lobos que tive que matar no mar de lágrimas que tive que nadar, repugnando a vida e tendo que refazê-la tantas vezes, pela falta de maturidade.
Não querendo ser mais ninguém ou nada além de mim, não desejando ser outra que não seja essa que eu sou.

Calmaria,
E a vida de braços abertos lhe chamava para os braços do seu amor.
Que sempre a recebia com todo carinho.

Pronto, o meu presente eu abracei, o milagre aconteceu, hoje eu posso viver intensamente, inteiramente sem mágoas da vida, a plenitude desse amor, que ora  mar, ora  rio, mas não
perco a minha vontade de ser... Sua.
Não perco esse desejo intenso de desaguar em você que é o meu mar, seja do amanhecer ao anoitecer.
É você o amor da minha vida.
(Liduina do Nascimento)



 
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Enviado por Liduina do Nascimento em 08/09/2014
Código do texto: T4954269
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