A CITADINA DE RENOIR
 
 
Desço a cidade
Num baixo escalado
de bares e arredores
convites frutados
de cores intimidadas
que meu sangue quente
sente ofegante
quando passo
abro a porta
mostro meu passo
ainda que sem salto
quem vai vir aqui
pôr-me a dançar
quero me sentir nua
casada com todos
da rua
vibra então atento
a tentação
da parte do meu corpo
exposta  quero
traz-me o raso
do sublime sexo
que sonha fazer comigo
que o vento me deixa
sentir sem ver
mão que não vem
com apoio
 comboio deselegante
de másculos
prontos p’ra anoitecer
vivi uma vida
cansada durante o dia
retire tudo
e esta roupa que trago
afago logo de chegada
a supresa querida
desde que coloquei
esta mistura de mim
e outra indomada
ela quer seus pulsos
vibrando
monstra o que cresce
enquanto segura
e sobe na fissura
lentamente
quase convulsa
 sua blusa
desabotoa
em águas mornas
faz qualquer atoa
enlouquecer
a saia já saída da coxas
 as gomas acariciadas
deixadas a mostra
de um fio
que transbordaem rio
seu vale antes sombrio
e desejado
a outra tímida
cai da pose
se torna vítima
toma uma dose
ama o diabo
e os querubins disfarçados
cai a cortina do teatro
torno-me de novo uma.