Esquinas das cidades

Na esquina da periferia/

Vê-se o dia/

Vê-se a noite/

Conversa-se de todo mal/

Conversa-se de todo astral/

Usa-se o mel /

Usa-se o fel/

Até que se vicia/

Na ordem ninguém quer trabalhar/

Todos querem se dar bem sem fazer concreto/

É um povo seleto/

Que tem conhecimento/

Apenas do ir ou ficar/

Morrer é uma constante/

Rir é vulgar/

Enquanto você se presta para fazer a esquina/

Menino ou menina/

Se prostituem/

Por entender que ali há liberdade/

Não querem ouvir sermão de pai/

Sermão de mãe/

Na verdade você está rumando para uma estrada/

Que não dar em nada/

E quando você acordar/

Pode ser tarde demais/

Pois você já está no fundo do poço/