CADELA
Sou uma cadela... Uma cadela em chagas!
Uma grande cloaca nomeio da minha altura, entre minhas coxas que se abrem...
Vermelha, rosa, queimando...
Minha pele se arrepia,
meus pelos se levantam e minhas pernas se abrem...
Sou uma cadela só sensações!
Meu nome é tesão e dor, agonia e êxtase...
Preciso de ar!
Vontade de escancarar e arranhar paredes...
Capto a dor no ar e transformo-a em prazer...
Minha cúmplice no fogo que me abre em chagas...
Uma boceta que geme, que grita, que pede por ar!
Fogo! Inferno! Paraíso! Tesão!
O que é isso?
Não penso,só sinto...
Gozo ardente, santo,profano...
Cuspe, escarro para aliviar o fogo...
Entranhas feridas e pedindes...
Abro mais as pernas e que mijem entre elas!
Mijem na cadela imunda e insana...
Na cadela e menina...
Na cadela profana e santa...
Na cadela boceta e alma,
essência e carne...
Raivosa e terna...
Quero lama! Quero gozo! Fogo! Que me queima os poros...
Sangue vermelho e gozo ardente...
Tudo na mesma cloaca de cadela...
Urro! Um urro de loba faminta pedindo o inferno!
Fogo! Fogueira desvairada que penetra na escuridão...
Mijem na cadela! Aliviem o fogo! Arrebentem a cloaca do animal...
Devassidão, infâmia, pecado...
Bestas no cio!
Redenção! Limite ilimitado...
Só sensação, só sentido na ferida que se abre...
Gozo, frêmito, frio, calor!
Tudo e nada... apenas uma sensação...