Depois dos Temporais
Refletindo sobre as dores/
Veio-me acalentar as indignações/
Dessa situação que está/
Oxalá/
Outras intenções/
Não consigo entender/
Após séculos de subserviência/
Como colônia de Portugal/
Como escravo de um quintal/
Após décadas de repressão/
Tendo os nossos direitos alijados/
Nossos jovens mutilados/
Num extermínio imoral/
Após conquistar a independência/
Após recuperar a decência/
Na hora de erguer a cabeça e ver o sol nascer/
Podendo expressar a voz em liberdade/
Dividir a paz com igualdade/
Permitimos-nos a vaidade/
De pensar individualmente/
Em querer ser o poder/
Que não vai além dos sete palmos/
Como tolos envoltos em ouro/
Permitimos-nos ao sair de casa nos perder/
Cegos de indiferenças/
Ignorantes por resistência/
Andamos pelas ruas/
Sem querer ver/
Não enxergamos mais a humanidade/
Pagamos para o caos as nossas responsabilidades/
Esquecemos que somos feitos de idades/
Que tudo passa/
E o arrepender/
Não devolve a satisfação/
A quem morreu de fome/
Não devolve a educação/
A quem morreu sem saber escrever o nome/
Não devolve a justiça/
A quem nunca teve/
A verdade da liberdade/
Hoje ser brasileiro/
é não ter o que fazer/
Porque nos versos de suas ações/
Não estão o respeito pela terra/
O respeito pela gente/
O respeito pela luta/
Porque também/
Não são respeitados os direitos/
De tantos jeitos e jeitos/
Absolutismos/ nepotismos/
Ocultismo e não sei mais o que/
Que os jovens estão todos mal acostumados/
A nossa mercê a luz/
Que veio do fundo do poço/
Vendemos por não sabermos o que fazer/
Com o que temos/
Enquanto nos sombrios corredores da moda/
Alguém prefere encarar/
Os desafios da vida/
Acovardando-se sob a mesa/
Esgueirando-se na alma de um parasita/
Para habitar a herança do futuro como oportunidade/
Quando as mãos a Democracia/
Bandeira que muitos doaram a vida/
Sangraram a ferida/
E nunca viram nascer/