Vento na mata

Na segunda feira de abril/

Embaúba caiu/

Numa noite de chuva/

Sobre um braço de rio/

Lamentava no escuro/

A senhora Coruja/

Lamentava a mãe sabiá/

Pois os seus filhos não sabiam voar/

Foi num tom de agonia/

Que vaga lumes e/

Grilos/

Ajudavam a encontrar/

Acontece/

Que a noite/

Além do frio/

Da forte ventania/

A chuva não parava de molhar/

Sob um pipilar tristonho/

Sem saber precisar o lugar/

O filhote cantava agonia/

Daquelas horas/

Foi assim/

Até o dia raiar/

Quando os olhos puderam ver/

Ao redor/

Nem o canto se ouvia/

A mãe inconsolada/

Viu a sua dor/

Ainda mais esfacelada/

E tão triste ficou/

Que nunca mais cantou/