OLHOS CONTEMPLATIVOS
Um raio caiu duas vezes em mim
Atingiu o coração com imensa frieza
Nestes dias em que contrario a “física”
A dor é tão intensa que o amor parece incerteza.
Mas meus olhos contemplativos pegam-me de surpresa
Em meio ao extremo caos enxergando beleza.
Sobre a ponte nova, já enferrujada, ferros retorcidos pela última enchente
“Incrível como a dor consegue unir muito mais a gente...”
Não mudou o curso do antigo rio, o atual valão,
Vejo a vida que salta em meio à poluição, apesar de todo o tipo de lixo, restos mortais, detritos
Despejados sob a placa de proibição.
Mesmo solitária a libélula encanta ao flutuar com tamanha leveza,
O sabiá ao gorjear parece assoviar uma linda canção,
Borboletas revoando em harmonia revigoram a natureza,
Crianças cheias de alegria, descalças, correndo, gritando, sorrindo, brincando...
Puro encanto!
Ainda tenho lágrimas, mas cesso o pranto.
A graça me basta, ainda estou vivo...
Tento alcançar o infinito com meus olhos contemplativos.