MANIFESTO

E a minha vida se transforma a cada dia

Vou velozmente da tristeza a alegria

Sou um manifesto de indignação

Aceito e rejeito tudo aquilo que é o não

Do concreto ao abstrato nada me congela

Solto o grito que está preso em sua goela

Busco a força dos divinos ateus crentes

Sou alma, sou serpente, sou bicho sou gente

Envolto em toda a crítica da mesmice anunciada

Me apresento com a apatia e a risada calada

Encontro no caminho os sustos previsíveis

Acalanto o menino sujo de traços horríveis

Enquanto o tempo muda a trajetória das rugas

Permaneço alheio às manchas nas roupas sujas

Com meu rosto voltado para a doce maldade sombria

Tenho os olhos mergulhados em pimenta tardia

Então aceito as mudanças com fé incrédula

E a alegria que entristece minha letargia nula

Respiro o ar podre das castas e crãs insanos

E continuo buscando o limbo embaixo dos panos