ABRIGO
Grito o teu nome dentro da noite escura
na ansiedade de encontrar-te em sonho,
e, de repente, na imensidão, tudo se cala
e a escuridão,magicamente, se faz dia...
As horas cessam por um momento
como se tivessem alcançado a eternidade,
lá na morada infinita dos deuses,
acima dos céus que adormecem...
O sol se faz presente no escuro de mim
onde minha alma resplandece em chamas,
iluminando o caminho tortuoso
onde espinhos se transformam em flores...
Abro meus olhos e meu coração
que pára de bater descompassado
porque ouve o som dos teus passos
em forma de raios de sol...
Meu corpo estremece,arfa,ofega
sentindo o sentido da tua chegada
que me abre, me atravessa,me parte
latejando o nervo da minha dor...
O sol seca a ferida aberta pelo prazer
e afaga o sofrimento da espera...
Me racho,me arrebento,me entrego
nestes raios que abarcam minha existência...
Sussurro o teu nome que me veste a alma
me abrigando da andarilha que sou
neste caminho buscado com coragem
na noite que acaba no sol que chega...
Me compreendes inteira na dúvida
da palavra calada mas falada
pelo olhar sublime do coração
dessa girândola que arrebenta
e invade como um vendaval...
Abrindo-me as feridas, causando-me a dor
do desvirginamento primeiro do arrancar
das máscaras na metamorfose única
e poliédrica e multifacetada
de ser o centro do que desejas e do que sou:
Tua,na plenitude da vida que me dás!