Domingo

Domingo quero caminhar pelas margens do Tejo

Ancestral e mudo.

Beber o vinho do diabo na Taberna de Auerbach;

Quero amar dentro de um fiacre pelas ruas de Rouen;

Chegar como náufrago à terra dos Feácios e pedir abrigo.

Quero ajoelhar-me diante da dor humana.

Domingo, quero matar alguém.

Vou para a África!

Mandarei a poesia às favas.

Quero comer bolinhos com chá e

Esquecer o que está perdido.

Estouro os miolos por alguma mulher,

Ou serei enforcado sob gritos de ódio.

Domingo eu matarei meu pai;

Hesitarei na hora da vingança e

Construirei elevados monólogos

Para explicar minha covardia.

Domingo, a Filosofia virá me consolar;

Só então, num domingo, descansarei.

Luciano Machado Tomaz
Enviado por Luciano Machado Tomaz em 31/08/2014
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