Domingo
Domingo quero caminhar pelas margens do Tejo
Ancestral e mudo.
Beber o vinho do diabo na Taberna de Auerbach;
Quero amar dentro de um fiacre pelas ruas de Rouen;
Chegar como náufrago à terra dos Feácios e pedir abrigo.
Quero ajoelhar-me diante da dor humana.
Domingo, quero matar alguém.
Vou para a África!
Mandarei a poesia às favas.
Quero comer bolinhos com chá e
Esquecer o que está perdido.
Estouro os miolos por alguma mulher,
Ou serei enforcado sob gritos de ódio.
Domingo eu matarei meu pai;
Hesitarei na hora da vingança e
Construirei elevados monólogos
Para explicar minha covardia.
Domingo, a Filosofia virá me consolar;
Só então, num domingo, descansarei.