A FACE NO ESPELHO

A FACE NO ESPELHO

Era sombra,

era véu...

efígie imponderável,

disfarce sutil,

refração enganosa.

Defrontada ao espelho

dissipando-se o véu,

revelou-se concreta,

nítida, a imagem;

Uma face afinal...

Todavia inquietante,

furtiva,

indecifrável,

intocável, mutante...

Na clausura do espelho

a efigie se revela

consubstancial,

autêntica, verás,

sem disfarce ou mistério.

Passos surdos no chão,

gestos leves, cautela!

detenha-se a brisa

ao nível da janela;

e que nesse recinto

nada ouse vibrar...

Buscando resguardar

essa face enganosa

exijo de mim mesma

atenção primorosa:

atenho minha voz

a um raro murmurar;

se num certo momento

num incauto movimento,

... se por distração

o espelho se quebrar...?

hortencia de alencar pereira lima
Enviado por hortencia de alencar pereira lima em 30/08/2014
Reeditado em 26/02/2018
Código do texto: T4943074
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