TRÊS TOQUES

Ah, meu pés presos às tábuas

Vejo de cada dedo brotar uma raiz

Elas vão entrando pelas frestas das madeiras

Sinto a mutação de meu corpo em arte

Não faço um movimento sequer para soltar-me

Fico deliciosamente calmo aguardando a fusão

Carne, osso e coração espalhados pelo palco

E minha alma vagando por todo o espaço

Tocam uma, duas, três vezes o som do paraíso

O vazio se transforma em multidão atônita

As luzes vêm e vão de forma cadenciada

Que eu nunca acorde e me liberto disso

Os aplausos são acordes de uma majestosa sinfônica

E a mordida causa felicidade prazerosa e amada