O amor como peça de teatro
Como nos bastidores do teatro
o meu amor ensaia a entrada
Por trás da cortina , ansiedade
Com vocês então o primeiro ato.
No palco a luminosidade ofuscava meu olhar
sem saber como agir , aplausos ouvi.
então percebi a ausência da cortina
"ei , você mesmo , sabe por que tudo isso aqui?"
E o medo de errar me fazia transpirar.
Será que ela sabe que eu a quero amar?
Então numa interrelação personagem-público continuei.
"Onde está toda aquela fantasia do bom amor ?"
E agora a tensão veio mais forte
o coração bateu , bateu , bateu...
E por entre a platéia procurei
"Alguém aqui entende que eu já encontrei?"
De repente tudo tornou-se gélido
Pelos holofotes outro foi escolhido.
Mas no escuro a olhei e paralisei
"Por que não os brincos que lhe dei?"
Iluminado pela intensa escuridão
para os bastidores retornei como quem volta pro sertão
E meu amor novamente ensaiou
e para o segundo ato com força retornou.
Retornei no escuro
mas o personagem outro cuidar da luz não sabe.
A ponto de a luz que lá estar querendo horas aqui estar.
" Oh meu público fiel , como explicar ?"
No centro do palco fiquei
percebi que a luminosidade enfraquecera do outro lado
e olhando para a luz , em silêncio falei
"Entendo você sem você saber me explicar"
E a tensão foi passando
sob as luzes do palco deste teatro
vou notando que de repente posso estar te amando.
" Meu amor , de joelhos digo a você uns versos"
Sob os olhares atentos dos fãs e não-fãs foram ditos os versos.
"que a mulher que eu amo seja para sempre amada ainda que distante
porque metade de mim é partida, mas a outra metade é saudade
Que as palavras que eu digo não sejam ouvidas como prece
nem repetidas com fervor, sejam apenas respeitadas..."
E os aplausos surgiram como nunca esperado
não esperado porém muito sonhado
nada fiz se não deixar descer a lágrima
" obrigado , meu amor , quero você no teatro da realidade"