CASTELO
O castelo tem muralhas
e armaduras e mortalhas...
Espadas e adagas
na defesa do inimigo...
Mas dentro dele tem segredo
que o liberta do medo
e já não era em tempo
de surgir as novas armas...
Indiferença e frieza
para combater a dor da mágoa
que vai perfurando a esperança
da construção da areia do sonho...
Dureza e firmeza
do zumbi adormecido da vida...
Sai ternura, sai singeleza
na escuridão do ser real...
A morte de todos os dias
é a vida que nasce no ontem
na vida que é sepultada
no vazio do que se perdeu...
O castelo se fortifica
com rajadas e tempestades
saída do canhão do sentimento
na batalha de sobreviver...
Que venha a frieza
com seu frio universal
aquecendo o ódio
que se derrama em sangue...
E a indiferença borbulha
como a adaga fatal
cessando todas as batidas
do coração viajante...
O castelo se fortificou
sem esperanças vãs,
com espadas,com adagas,
com tristeza e com a dor...
Olhos vítreos,
coração de chumbo...
Distância próxima
da ternura endurecida...
Nasce a nova fortificação!
Não mais cinzas, não mais sentimentos...
Alça vôo na desesperança
da dureza e da frieza...