LÁ VAI A VIDA

Eu quero sentar-me à mesa

com gente bem gente.

Aquele tipo que traz o café feito na hora,

quentinho, com gosto de seja bem vindo.

Bater papo, falar do vento que suja o quintal,

jogar conversa fora,

ouvir notícias de um e de outro,

coisa e tal.

Eu quero o pão caseiro, quentinho,

a manteiga derretendo

e a lenha em brasa no fogão,

bem vermelha, frigindo

trazendo os parentes pro ninho.

O bule e as canequinhas

verdes com florezinhas

bem pintadas, sobre a toalha

com as marcas das dobras, tão passada,

cheirando a sabão em pedra,

espumante no quarador.

Nas cadeiras do passado,

tomar o café gostoso

e sentir a brisa xereta entrando pela janela.

Olhar lá fora, entre a dança da cortina

e dizer: lá vai a vida, lá vai ela.

Dalva Molina Mansano,

10:19

28.08.2014

Dalva Molina Mansano
Enviado por Dalva Molina Mansano em 28/08/2014
Código do texto: T4940191
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