CRISTAL

Algo dentro de mim se quebrou,

se espatifou como frágeis cristais...

Talvez a pureza, talvez a inocência,

talvez até a própria crença...

Só sei que algo se quebrou,

se partiu e se quedou

como cristais da ilusão

na barca da fé e gratidão...

Como baralho na mão

peguei os ases da fantasia

que me esconderam os curingas

do cristal espatifado...

Algo de dentro se partiu

na sincronia alucinada

de uma voz que parou de gritar...

Frágeis cristais do coração

que se espalharam na ventania...

Algo se quebrou dentro de mim,

nas entranhas dos poros

que suaram o sangue da redenção...

Cacos espalhados pelo ar

rarefeito da vida que corre

e galopa de encontro ao abismo

da verdade exterior ao que sou...

Algo se quedou...

Na fúria insana do desamor

permeando como a rede

que se balança no ar

o estupro da esperança...

Morrer para renascer

assim como a fênix

na liberdade do vôo

de alcançar os céus...

Algo se quebrou

e com asas endurecidas

sobrevôo os castelos

que um dia de areia foram...

Asas partidas da dor

que se tornaram paradigmas

da tristeza do que se espatifou...

Algo se partiu em mim...

E hoje ergo um brinde

em nome da mágoa e do ressentimento...

Bebidas amargas!

Algo se espatifou em mim...

carline
Enviado por carline em 27/08/2014
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