CRISTAL
Algo dentro de mim se quebrou,
se espatifou como frágeis cristais...
Talvez a pureza, talvez a inocência,
talvez até a própria crença...
Só sei que algo se quebrou,
se partiu e se quedou
como cristais da ilusão
na barca da fé e gratidão...
Como baralho na mão
peguei os ases da fantasia
que me esconderam os curingas
do cristal espatifado...
Algo de dentro se partiu
na sincronia alucinada
de uma voz que parou de gritar...
Frágeis cristais do coração
que se espalharam na ventania...
Algo se quebrou dentro de mim,
nas entranhas dos poros
que suaram o sangue da redenção...
Cacos espalhados pelo ar
rarefeito da vida que corre
e galopa de encontro ao abismo
da verdade exterior ao que sou...
Algo se quedou...
Na fúria insana do desamor
permeando como a rede
que se balança no ar
o estupro da esperança...
Morrer para renascer
assim como a fênix
na liberdade do vôo
de alcançar os céus...
Algo se quebrou
e com asas endurecidas
sobrevôo os castelos
que um dia de areia foram...
Asas partidas da dor
que se tornaram paradigmas
da tristeza do que se espatifou...
Algo se partiu em mim...
E hoje ergo um brinde
em nome da mágoa e do ressentimento...
Bebidas amargas!
Algo se espatifou em mim...