DANÇA
A dança macabra da hipocrisia
brinca de girar no parque da dor
na roda-gigante do destino
da máscara que rasgou a face...
Bonecos ambulantes
como camelôs robotizantes
que se ferem e se cortam
na fantasia do poder...
A dança se torna frenética
e machuca os sentimentos
que se desgrudam da pele
na carnificina da sedução...
Solidão dolorosa
mentirosa da vida...
É o trem que chega
na estação que não existe...
E a dança continua
e não cessa de girar
na frieza do coração
que morreu na emoção...
Nada é suficiente e nada basta
no trem fantasma do amor...
Descobertas por acaso
do espelho do que sou...
Na morbidez do sofrimento
que copula com a face do prazer
na própria dor do não ser
pensando que podia ter...
E o mar invade o parque
de marionetes jogantes
da insaciedade de ter
o que não poderia ser...
Glória ao pai da natureza
mãe de todas as incertezas,
amante dos amanheceres
na desesperança de não conhecer...
Com ela nada podemos
a não ser reverenciar
o que é maior e mais sábio
na roda incessante do viver...
Aceitação e compreensão
para que nada fique em vão...
Dança macabra da ilusão
de um despedaçado coração...