DANÇA

A dança macabra da hipocrisia

brinca de girar no parque da dor

na roda-gigante do destino

da máscara que rasgou a face...

Bonecos ambulantes

como camelôs robotizantes

que se ferem e se cortam

na fantasia do poder...

A dança se torna frenética

e machuca os sentimentos

que se desgrudam da pele

na carnificina da sedução...

Solidão dolorosa

mentirosa da vida...

É o trem que chega

na estação que não existe...

E a dança continua

e não cessa de girar

na frieza do coração

que morreu na emoção...

Nada é suficiente e nada basta

no trem fantasma do amor...

Descobertas por acaso

do espelho do que sou...

Na morbidez do sofrimento

que copula com a face do prazer

na própria dor do não ser

pensando que podia ter...

E o mar invade o parque

de marionetes jogantes

da insaciedade de ter

o que não poderia ser...

Glória ao pai da natureza

mãe de todas as incertezas,

amante dos amanheceres

na desesperança de não conhecer...

Com ela nada podemos

a não ser reverenciar

o que é maior e mais sábio

na roda incessante do viver...

Aceitação e compreensão

para que nada fique em vão...

Dança macabra da ilusão

de um despedaçado coração...

carline
Enviado por carline em 27/08/2014
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