SOFRIMENTO
Minhas mãos tremem
nesse instante de dor suprema
onde o coração bombeia
a infelicidade do corte...
Não sei mais o que sentir
já que sentimentos se evaporam
nesse ar rarefeito
que cessa meu respirar...
De joelhos estou
na distância que se perdeu
nas palavras não pronunciadas
engasgadas na garganta...
Punhais se enterram
e me cortam por inteira
nessa dor atróz
de saber que não sou nada...
Entregas,servidões,submissões
por caminhos profundos
que se perdem em labirintos
do coração disparado em vão...
Me engolfo no sangue
da frustração da emoção
que me gira,me entorta
de perder a ilusão...
Piedade para a dor
que trucida a minha alma
na lágrima que escorre
na quentura da frieza...
Misericórdia por Deus
de não saber mais quem sou
já que o que sou já não sou
pensando que algum dia fui...
Perdida na estrada
com os braços encolhidos
nessa chuva de sangue
que me estupra na esperança...
Me arromba e me afoga
nas minhas mãos que imploram
trêmulas e famintas
por piedade e compaixão...
Para que a devoção?
Para que tudo de nada
se o nada é o vazio
do centro do que não serei?
Tremo e arfo
na dor de permanecer
tão dormente desperta
no sono do sofrimento...
Piedade e misericórdia
para esses punhais enterrados
na minha alma que chora
e se torna oceano...
Me quedo com o rosto no chão
na lama do que sou...
Apenas mais um objeto
da engrenagem dos jogos...
Brinquedo e diversão
nas mãos que tremem,
do coração que sangra
e sufoca por ti...