O Pirata e os seus Amores
Talvez eu seja como um Pirata em alto-mar
Um maléfico caçador das inspirações alheias
Surjo de repente das névoas
Navegando à deriva.
Ora com as velas arriadas
Uma nau em pedaços
Consumido por um destino ensandecido.
O Tempo sacia-se com os meus pensamentos arredios
Deixa o meu corpo em frangalhos
Os olhos vendados
Ora parecendo um barco veloz
A toda singrando os corações alheios
Em busca de ouro e prata
Pilhagem de amores é o meu destino
Vivo com o vento nordeste trazendo perfumes
Vivo a noite, vivo o dia.
Durmo com as gaivotas em meus pesadelos
Acordo com os albatrozes em meus sonhos
Pouco sei de mim, apenas me basto
Tenho asas para fugas impossíveis
Assim são os meus versos
Pousam em ilhas solitárias
Casarões sombrios
Ninguém vê o meu partir
Engolido pela escuridão
Deixo de recordação
A luz do lampião de estibordo
O barulho silencioso das minhas correntes
Em fuga para a liberdade do sol nascente
Achincalhando o tempo acima das ondas do mar.
E a bombordo o som forte das batidas do meu coração.