SUBMISSÃO X DOMINAÇÃO
Gira o mundo na girândola da loucura,
irracionalmente racional!
Tu, nós, uno... Carpe Diem!
Certo e errado,é gozo só...
Submissão e dominação,
faces da mesma moeda...
Prazer e desejo como o ódio e a paixão...
Querer sem poder ter... Cumplicidade...
Ter sem jamais possuir... Subjugo...
Entrega... Possuir sem jamais vivenciar...
Liberdade... vivenciar sem jamais existir...
Existir sem jamais se saber... Saber...
Pousar em telhados de vidro
e sentir cair os cacos,
estilhaçar as mentiras
para reconstruir o todo...
Criança a te olhar de baixo
e ver as entranhas do delírio...
Cosmogonia! Lamber as feridas
através da escatologia...
Chupar o sangue... Caos...
Vazio... Lamber teu pus...
Hemorragia... escarrar em teu sexo,
urinar em tua boca e lamber o gozo...
O gozo da sífilis, do câncer,
sorvendo com admiração, amor, desejo e furor!
Expelir pela cloaca animal da escória,
que só os poetas entendem e assimilam...
Partenogêsene total, fúria, terremoto!
Erínias, raiva,ódio,paixão!
Frenesi, arrepio,delírio!
Calar... desejo sedento de sexo;
Sentir... entranhas abertas, escancaradas...
Rasgar e dilacerar...
Orgasmos multifacetados de inebriante orgia
de sentimentos e pensamentos...
Derrama teu gozo pelo meu corpo,
deixa tua santidade desabar sobre ele...
Santidade de orgias satânicas...
Deixa eu gritar! Deixa eu urrar!
Deixa eu me abrir!
Mostrar o vinho de minhas fêmeas entranhas...
Me rasgue,me arrombe
nessa cloaca vazada e podre
de cio animal...
Não peça licença a esse cadela furiosa,
latindo de desejo por ti...
Me prenda... Me prenda os seios,
me prenda o ventre...
Lambe e chupa o símbolo da tua possessão!
Pegue a faca e me rasgue,
me fure,me transpasse,
jorre o sangue da vida
e tire as impurezas das mentiras!
Me ressuscita,me alenta,me alimenta,
me faça puta no desejo,
vadia, insana, puritana, sacra,
safada, benta! Santidade e pecado!
Vem! Me arrebenta,me massacra, me corta
e me torna desvairada e insana...
Arranca meus olhos do pecado
e deixa-me a pureza da orgia e da luxúria!
Minha hóstia sagrada,
meu crucifixo bento,
molha-me com tua água santificada,
me abençoas em nome de Deus e do Diabo
comas larvas do teu divino gozo!
Me arranha e me trucida
e deixa Dioniso se manifestar,
embriagado de sexo...
Quero me benzer com ele!
Sejas minha Deusa, minha perdição, minha reconstrução!
Sou tua vadia, és meu caminho,
minha verdade, minha luz...
Cobre meu corpo possesso... Comunga-me...
És minha luz e minha treva!
Me inebria,me embriaga, me gira a cabeça!
Sou tua! Faças o que quiser!
Me ajoelho e abro meu sexo
e imploro por este amor satânico!
Vem! Vem logo e me arrebata!
Escancaro mais meu sexo,
coloco na tua cara,
me esfrego em ti!
Cloaca cheia de desejo!
Vem céu divino,
vem em tempestade furiosa
nas estrelas cadentes!
Que todos assistam ao meu gozo!
Aos deuses nada é limitado!
Estou possuída, vadia, putana!
Fecho meus olhos e danço contigo,
a dança da entrega!
Não somos nada e nada nos supera!
Apenas um grande vazio celeste,
que faz morada no céu,
preenchido por tu em mim e eu em tu
e se esconde nas nuvens e goza na terra!
Em corpo e espírito! Tudo dentro de mim!
Na imensidão infinita!
Carcereiros de nós e libertadores de nós!
Submissão à Dominação!
Presos sem ser, estar ou poder...
Plainamos, apenas plainamos,
livres e soltos em nós...
Jamais existi, jamais fui, ilusão de ti!
Côncavo, convexo, dor, prazer!
Roda gigante de emoção,
livres em si e soltos a cair...
Nos encontramos no desencontro
e nos perdemos no encontro!
Sentir! Sentir até não mais aguentar
todos os prazeres e todas as dores!
Amor e dor! Desejo! Poder!
Dor de amor! Mando! Obediência!
Sou tua porque és meu íntimo,
minhas entranhas... Me desnudas,
sem defesas e arranca meus véus!
Dominador e dominado se confundem!
Lutamos e nos fundimos
e o tempo para para nos receber!
Dominados e dominadores,
possuídos e possuidores!
Dor e prazer na fúria total
bebendo do néctar e da ambrosia,
esse mel divino!
Algoz no vigiar, a punir,
vinda arisca, sorrateira...
E espero aflita, ansiosa
por este momento tão esperado,
único,mágico, surreal...
Por este instante uníssono
de uma hierarquia desmoronada,
onde a cumplicidade e a compreensão
são sinônimos de coragem para ambas!
Amém!