SENTIMENTOS

viver numa corda bamba,

sem,absolutamente, nada de concreto...

Como um trabalhador de obras

que precisa de tijolos, cimento

para construir uma casa real...

Cadê seus instrumentos?

Vai construir o que?

Ilusão, fantasia, fetiche?

Ele pensar em procurar emprego,

outro emprego que lhe dê concreto...

várias e várias vezes sai a procura

e várias e várias vezes a esperança canta...

viver em uma corda bamba

sem saber se existirá um amanhã...

Por mais que não queira,

a ansiedade se faz presente,

afinal a humaninade é sua roupagem...

mesmo assim a coragem lança seu desafio

no mergulho cego da vertigem,

cheio de angustia, de indagações, de vendas

sem saber se abaixo

irá encontrar,ao menos, uma lona,

que possa amortecer sua queda...

E o tempo para...silêncio total...

duelo de razão e emoção,

que se digladiam em nome do prosseguimento...

Espadas são apontadas

em um julgamento precoce...

E vem tristeza e vem decepção

por ter a certeza de que nada é correto...

Não lato mais... Cachorra ao léu

que só encontra punição...

Pontapé aqui, pontapé ali

na tentativa de agradar...

Mas os tijolos vêm e os tijolos vão

incessantemente, cada vez mais pesados...

Sentimentos vão morrendo,

dor amortecendo,

decepção crescendo....

Cadê um afago?

Cadê um reconhecimento?

não existe isso e nem nunca existirá...

castigo e punição eternas

pelo ato de servir com a alma...

A dor chega e gargalha na tua cara,

brincando com tua mágoa

e aquilo que lhe resta...

Prossigo mas já sem forças,

apenas porque preciso servir

a quem escolhi um dia...

Escolhi por confiança e amor...

Hoje trabalho na obra

infinita da empreiteira,

carregando tijolos e pedras

nas costas esfoladas...

mas ainda acreditando!

acreditando que o mal não é infinito

e que o bem pode vir...

vou servindo assim seguindo,

a quem me dei sem mentiras,

só, perdida, abandonada...

apenas com a adoração quieta

dentro do peito inquieto...

Isso é servir! Mesmo em meio

a toda tristeza que envolve o momento...

até quando?não sei...

não sou mais dona de mim!

carline
Enviado por carline em 25/08/2014
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