Para sonhar-te brisa, tornei-me poetisa...
Fiquei jogando versos pelos ares
em volumes de mil papéis escritos
tentando alcançar, nos meus azares,
o brilho da tua estrela no infinito.
E fiquei só.
Criei expectativas em sonhos vãos,
ilusões e, de herança, esta solidão.
Colhi flores no mais extenso jardim
que o teu sorriso fez nascer em mim.
Absorvi perfumes exóticos de nós dois,
para não sorver a sua essência depois.
Quis beber o suco da tua estranha magia
e é a sede de amar que corrói e assedia.
E na fome imensa que ora me consome,
sem teu alimento em todos os meus dias,
à minha mesa, vazia, restou-me teu nome.
Vida? Que zombaria!
Sou um palhaço bobo que não ri,
que vê rolarem, em tintas solitárias
por entre tantas telas imaginárias,
as quentes lágrimas que chora por ti.
Nas lembranças que me encontraram,
sou a rosa cor-de-rosa despetalando
e a margarida amarela que murchou.
Sou os campos verdes já secando
a esperar alguma chuva que não voltou.
Uma pergunta perdida sem resposta
que o céu, coberto de nuvens sobrepostas,
atrás do seu azul, sem luz deixou.
Hoje não sou uma mulher, sou mais um nada
a correr, (numa procura desesperada),
buscando teu amor que não fugiu.
Espiou em promessa enviada, acenou para mim...
sequer partiu. Apenas, nunca existiu...